Sanguinário volta à ribalta
Oxigénio – Volume 3, é a terceira compilação de músicas do rapper angolano conhecido nestas lides como Sanguinário. Um nome que encerra alguns questionamentos, talqualmente o rap da cultura hip-hop, género musical que tem o condão de debater, contestar e defender valores por meio da palavra.
Oxigénio – Volume 3, é a terceira compilação de músicas do rapper angolano conhecido nestas lides como Sanguinário. Um nome que encerra alguns questionamentos, talqualmente o rap da cultura hip-hop, género musical que tem o condão de debater, contestar e defender valores por meio da palavra.
Neste Projecto, cujo teor retrata Angola, numa perspectiva menos surreal, sob a forma de “Oxigénio” de que nos alimentamos diariamente, o foco continua a ser o apelo à mudança a nível geral.
No jogo de palavras, na música n.º 8, intitulada “Crise”, com a participação especial deMona dia Kidi, apelido que significa ‘Filho da Verdade’, traduzido do kimbundo para o português, o artista afiança, no refrão que “há uma crise em ti, há uma crise em mim”, e, no primeiro verso, Miller ou Sanguinário diz que “Kwanzas compram valores de barrigas famintas”(...). Há rasgos metafóricos em todas 0ito músicas do CD.
Para quem ouviu os dois volumes que antecederam o presente, ao tomar contacto com este, dirá, provavelmente que o músico acomodou-se na fama e admiração que granjeia no universo do hip-hop made in Angola, ao fim de 11 anos de ‘”serviço”’.
Para quem ouviu os dois volumes que antecederam o presente, ao tomar contacto com este, dirá, provavelmente que o músico acomodou-se na fama e admiração que granjeia no universo do hip-hop made in Angola, ao fim de 11 anos de ‘”serviço”’.
A comprovar que Sanguinário não é um artista inerte, estático, parado, indiferente aos problemas mais candentes da sociedade angolense, está o tema “A Cura”, em que transmite-nos a sensação de ser ele quem detém o ‘elixir’ para a salvação comum.
Os casos públicos: Cassule e Kamulingue, Jorge Valério, todos assassinados, não escaparam ao radar deste jovem artista, imbuído de um espírito de consolação, e conforto às famílias enlutadas.
Não há consenso sobre qual é o melhor tema deste terceiro volume, mas recomenda-se escutar o sucesso ‘Criar no Inferno’, música sugestiva que, aliás, já tem videoclipe disponível no Youtube.
É evidente que Sanguinário prepara-se para tomar de assalto o mercado musical angolano, tendo como substrato a intervenção social. Esta forma de estar, pensamos nós, é a que melhor se conforma ao momento que este país que se quer mais democrático atravessa.
Não seria engano dizer que, a proposta que nos chega às mãos é uma terapia musical, como o próprio diz no refrão na terceira faixa: “cura-me, cura-me, cura-me”. A cada ano que passa o projecto Oxigénio consolida-se. A principal deixa do artista é a palavra “respirem”, termo passível de amplas interpretações. Votos de boa escuta.
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